terça-feira, 1 de junho de 2010

Tratamento

A prevenção significa um conjunto de medidas para evitar o aparecimento de uma doença. Existem 3 níveis de prevenção: primária, secundária e terciária, dos quais apenas a primeira corresponde a este conceito. Prevenção secundária passou a designar o tratamento propriamente dito, enquanto prevenção terciária, a reabilitação.
Infelizmente, dada a grande abrangência das bebidas alcoólicas, sem uma jurisdição legal e controlo adequado, bem como a crescente disponibilidade de outras drogas e de medicamentos psicotrópicos, as estratégias mais comuns de prevenção primária têm pouca ou nenhuma possibilidade de sucesso, com pobres resultados em termos de custo/ benefício, na imensa maioria dos casos.
Esta questão da prevenção primária é dificultada também pelo conceito cultural e social do uso de álcool e outras substâncias.
No decorrer dos anos, tem-se observado a evolução do conceito do alcoolismo e uso de drogas.
Podemos classificar a mudança destes conceitos em 3 modelos distintos:

1 – Modelo moral

O uso da SPA (Substância psicoactiva) é visto como um sinal de carácter fraco, exigindo que o usuário exerça força de vontade e controlo de si mesmo.
Este ainda é um pensamento existente em nossa cultura, que acredita que transtornos tais como o alcoolismo são o resultado de falhas morais. A grande limitação deste modelo é fazer com que a pessoa sinta-se culpada pelo problema, achando que lhe falta força “Eu sou fraco, não consigo parar com o uso”.

2 - Modelo Médico

De acordo com esta abordagem, os comportamentos aditivos estão baseados em uma dependência física subjacente e a atenção é focalizada sobre factores fisiológicos predisponentes, que se assume ser geneticamente transmitidos, como causa primeira da adição. A definição do alcoolismo como uma doença progressiva que pode ser apenas temporariamente controlada pela abstinência total e abordada dentro deste modelo são:

a) a pessoa não-responsável pelo problema, limitações deste modelo para o tratamento, pois é uma doença.
b) precisa de um tratamento externo, algo vem “de fora dele” para curá-lo. A grande vantagem deste modelo é que permite a pessoa pedir e aceitar auxílio sem ser culpada por sua fraqueza. A partir deste modelo médico, surgiram diferentes formas de tratamento que seriam classificados como tratamento do modelo de esclarecimento. As comunidades terapêuticas de ordem religiosa, os grupos de auto-ajuda como NA, AA são exemplos do modelo de esclarecimentos médicos.

3 – Modelo Compensatório ou Comportamento Aditivo como Padrões de Hábitos Adquiridos:

Dentro deste modelo, comportamento aditivo é visto como um hábito hiperaprendido que pode ser analisado e modificado do mesmo modo que outros hábitos. Modifica-se, aqui, o conceito de hábito compulsivo, pois não mais se vê o uso como um estado de ser compulsivo, impulso irresistível para realizar algo irracional. O modelo de comportamento aditivo tem como interesse o estudo dos determinantes dos hábitos aditivos, incluindo: antecedentes situacionais, antecedentes ambientais, crenças, expectativas, história familiar, história individual e experiências de aprendizado anteriores com a substância.
O fato de um estado de doença ser um produto de um componente aditivo (cirrose no fígado , câncer no pulmão) de longo prazo, não implica, necessariamente, que o próprio comportamento é uma doença.
Os comportamentos aditivos são realizados em situações percebidas como estressantes; e há, no uso do SPA, uma gratificação imediata, ou seja estado de prazer máximo ou redução de tensão ou excitação.

Exemplo:

Beber – reduzir ansiedade social
Fumar – acalmar os “nervos”
Comer – solidão ou aborrecimento
O beber, fumar ou comer nestas situações são mecanismos de enfrentamento mal-adaptativos porque levam a conseqüências negativas, como alteração da saúde física e emocional.

As vantagens deste modelo são:

a) fazer com que a pessoa possa exercer o controle e assumir a responsabilidade pelo processo de mudança de um hábito aditivo.
b) seja capaz de aprender métodos efectivos de mudança de hábitos. Já a limitação está no fato de que o coordenador deste modelo precisa ter toda uma compreensão das teorias do aprendizado social, psicologia cognitiva e psicologia social experimental. O trabalho desenvolvido a partir desta abordagem, é realizado em clínicas ou hospitais especializados, requerendo toda uma equipe de profissionais treinados para seu desenvolvimento.
O ponto principal destes modelos é a possibilidade que o usuário de SPA tem para procurar ajuda. Seja qual for o tipo de ajuda, é imprescindível que a pessoa esteja consciente que há diferentes formas de abordagens e de tratamento e que sempre haverá alguém disponível a ajudá-lo.
Vale destacar o pensamento do Dr. Dartiu Xavier da Silveira Filho, psiquiatra, consultor científico em farmacodependência da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando diz que “a toxicomania é um fenómeno polimórfico”. “Cada estratégia de tratamento tem de ser personalizada”, conclui.

Procure o lugar certo.

Para ajuda-lo , seguem algumas dicas:

1. Solicite referências. Informe-se com um médico de sua confiança a respeito do lugar onde você pretende internar seu filho. Procure, também, outros profissionais da área e recolha mais informações. Referências de pacientes que já foram tratados no local também podem ajudar, desde que não sejam indicados pela própria clínica ou hospital. Explica-se: se o tratamento não for sério, nada impedirá que se monte um verdadeiro teatro para convencer pais e dependentes da eficácia do tratamento.
2. Informe-se sobre detalhes do tratamento. Tempo de internação, medicamentos utilizados, acompanhamento clínico, terapias ocupacionais, actividades físicas, número de consultas semanais e tempo de duração, terapias em grupo, etc.
3. Conheça o local. Visite quartos, banheiros, refeitórios, pátios, quadras de actividades desportivas, enfermarias, salas de televisão e tudo mais que houver para conhecer. Verifique a higiene e o estado de espírito dos pacientes e funcionários. Se isto lhe for negado, troque de clínica ou hospital. Este não é apenas um dever seu como familiar, mas também um direito como consumidor.
4. Faça visitas regulares. Receber a visita de familiares é fundamental para o processo de recuperação do dependente. Entretanto, algumas linhas de tratamento acreditam que estas visitas não devem ser imediatas para que o paciente se adapte melhor. Este argumento é compreensível se este período for igual ou inferior a quinze dias. Caso contrário, por mais enfáticas que sejam as alegações (visitas agora podem prejudicar todo o tratamento; o paciente pode tornar-se extremamente violento de uma hora para outra; ele pode implorar à família que forneça algum medicamento ou droga; etc.), exija vê-lo e, se a negação persistir, tire-o desta clínica ou hospital.

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